As náuseas e vómitos são sintomas comuns em mulheres grávidas. Apesar de ser referido muitas vezes como “enjoos matinais”, podem ocorrer em qualquer altura do dia. 

Por norma aparecem no início da gravidez (entre as 4 e as 7 semanas) e tendem a melhorar após o primeiro trimestre (entre as 12 e as 14 semanas). No entanto, há mulheres em que os sintomas mantêm-se para além do primeiro trimestre, podendo durar até ao final da gestação. 

Uma pequena parte das grávidas (cerca de 2%) podem ainda desenvolver uma condição denominada de hiperémese gravídica (HG) que se caracteriza por náuseas e vómitos de grau mais severo que podem levar a uma estado de desidratação e de perda de peso.  

Quais são as causas?

As causas para o aparecimento de náuseas e vómitos na gravidez não são claras e pensa-se que possa ser multifatorial, nomeadamente:

  • Alterações hormonais associadas à gravidez;
  • Infeção por H. Pylori;
  • Predisposição genética;
  • Estado emocional;

Entre outros.

Antecedentes de gestações com sintomatologia semelhante, gravidez múltipla (gémeos, trigémeos), dieta desajustada (excesso de hidratos de carbono simples, gorduras, molhos), sensibilidade aumentada à suplementação podem ser fatores de risco.

Pode afetar a saúde materna ou fetal?

Pode afetar de forma negativa a qualidade de vida da mulher na medida em que pode ter impacto na sua capacidade de trabalhar ou de realizar as suas atividades diárias.

Não existe evidência que mostre efeitos negativos na saúde fetal. Em casos mais severos ou de HG pode aumentar o risco de o bebé nascer com baixo peso. 

O que pode ajudar?

Do ponto de vista alimentar, existem diferentes estratégias que podem ser aplicadas para ajudar, tais como:

  • Garantir a ingestão de líquidos ao longo do dia mas em pequenas quantidades. Nunca sair de casa sem a sua garrafa de água;
  • Evitar alimentos fritos, gordurosos e picantes. De uma forma geral, estes são os primeiros suspeitos no caso de náuseas ou vómitos na gravidez mas poderão haver outros alimentos que desencadeiam os sintomas;
  • Fraccionar as refeições ao longo do dia. A regra é: pequenas refeições mas frequentes ao longo do dia;
  • Adequar a hora de toma do suplemento prenatal. Além disso, o tipo de suplementos pode ter impacto (por exemplo o ácido fólico e ferro tomados isoladamente, e em certas doses, podem contribuir para o agravamento os sintomas);
  • O gengibre parece ter um efeito positivo na melhoria dos sintomas e é seguro. Mas atenção que em alguns casos pode provocar desconforto abdominal;
  • A evidência sugere que a vitamina B6 possa ser também efetivo no tratamento de nauseas e vómitos na gravidez. No entanto, as estratégias alimentares devem ser o primeiro foco e a suplementação deve ser sempre feita com a supervisão do seu profissional de saúde. 

Adequar as estratégias nutricionais é muito importante nesta fase, tendo em conta a individualidade de resposta a estas estratégias nutricionais. 

Referências bibliográficas:

  • Morning Sickness: Nausea and Vomiting of Pregnancy; American College of Obstetricians and Gynecologists. 2020.
  • Pregnancy sickness (nausea and vomiting of pregnancy and hyperemesis gravidarum). Royal College of Obstetricians and Gynaecologists; 2016.
  • Domellöf M., Thorsdottir I., & Thorstensen K. (2013). Health effects of different dietary iron intakes: a systematic literature review for the 5th Nordic Nutrition Recommendations. Food & Nutrition Research.
  • Ebrahimi N, Maltepe C, Einarson A. Optimal management of nausea and vomiting of pregnancy. Int J Womens Health. 2010 Aug 4;2:241-8. doi: 10.2147/ijwh.s6794. PMID: 21151729; PMCID: PMC2990891.
  • Viljoen E, Visser J, Koen N, Musekiwa A. A systematic review and meta-analysis of the effect and safety of ginger in the treatment of pregnancy-associated nausea and vomiting. Nutr J. 2014 Mar 19;13:20. doi: 10.1186/1475-2891-13-20. PMID: 24642205; PMCID: PMC3995184.

As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo e não substituem a orientação por um profissional de saúde.